Sunday 15 January 2012

A GEURRA DE MANUFAHI (continuação)



 Os acontecimentos ocorridos nos meses de Maio, Junho Julho de 1912.

Durante aquele mês as forças do governo avançavam lentamente sobre o reduto de Cablac. O governador Filomena da câmara dirigia as operações. Nesse período o governo dispunha de 21 oficiais, 463 soldados de primeira linha, 597 moradores e 7.757 auxiliares. Estes provinham dos reinos de Fatomasi, Liquiçá, Maubara e Maúbo. Estas forças estavam colocadas á volta de Cablac, e iniciam o ataque no dia  25 ou 26 de Maio.

Mas os manufaistas conseguiram levar melhor sobre os atacantes que foram repelidos. Do alto das montanhas sucediam-se avalanchas de rochas que resvalavam pelas encostas. Os auxiliares retiram-se em debandada deixando dois mortos atrás de si.  A 27 de Maio quatro colunas apoiadas pela artilharia voltam ao ataque. Da montanha choviam pedras, rochas, flechas e chumbos. Desta vez, as forças governamentais depois de dispararem 405 tiros nos quais foram gastos 20.000 cartuchos,  conseguiram desalojar os “rebeldes”que abandonam o Cablac de Aituto.

Além das forças acima referida, o governo da Colónia contava com a canhoeira a Pátria. Comandado pelo novo comandante Gago Coutinho, o navio largou de Díli, no dia 24, para a costa sul transportando carga, mantimentos, armas e munições para as guarnições que cercavam Leo-Laco, uma das quais era comandada pelo capitão do porto de Díli, 1º tenente Manuel Paulo de Sousa Gentil.

Tinha ancorado no taci mane, em frente de Betano. A presença da canhoeira deu apoio decisivo às tropas em terra, onde se encontrava o 2º tenente Mesquita Guimarães. No dia 27 de Maio, o navio bombardeava Leo-Laco com peças de 100 mm. Embora s marinheiros não vissem os danos causados pelos bombardeamentos, contava-se em Díli, algumas bombas caíram na residência da rainha de Betano, onde estavam reunidos vários datos. Parece que houve vítimas naquela localidade.

No dia 29 de Maio, as forças do governo tomavam Ablai.

O navio fez a patrulha à volta de Betano durante sete dias. No dia 4 de Junho a Pátria regressou a Díli, Entretanto, as forças terrestres iam avençando sobre Riac e Leo-Laco. O capitão Azevedo avançou para as rampas de Caicassa, enquanto o governador descia para Rotuto e Ablai-Dum. O comandante Ramalho realizava rondas  ao norte de Cablac  para garantir a passagem dos arrais para a zona de Hola-Rua.

No dia 4 de Junho os homens de Dom Boaventura abandonaram o acampamento Leo-Mali, em Tarucuamo, lugar que foi imediatamente ocupado pelas guarnições do governo. Tempo depois os portugueses e os seus aliados tomavam o sitio de Tui-Ura. Os diversos destacamentos iam ocupando zonas de Manufahi. Os tenentes Magalhães e Pinto com os arraiais de Liquiçá ocupam Same; O capitão Faure da rosa, à frente dos arraiais de Baucau ocupava Leorai e as regiões mais a sul. No flanco direito de Cablac o tenente Gentil que tinha ido de Suro acabava de acampar em Leo-Lima. No dia 9 de Junho, o governador estabeleceu o acampamento e quartel-general em Raimera.

A região de Raimera era coberta de densa matagal. Ali os manufaistas tinham construído muros de pedra, sebes de bambu e ramos de árvores para impedir a passagem aos malaes. A tomada de Raimera por parte dos portugueses durou três dias. Finalmente no dia 14 de Junho de 1912, o governador conseguiu ocupar Riamera, depois de ter sido apoiado  por um pelotão da 8ª companhia, de oradores e arraias de auxiliares.

Na zona sul, o capitão Faure da Rosa à frente dos moradores de Baucau acabavam de ocupar a região de Turon. Entretanto houve lutas renhidas entre os rebeldes e os moradores. Os “rebeldes” chegavam a atacar de note os postos de Tir-Guer entre Turon e Tir-Ai.
Nos dias 15 e 16 de Junho, as forças do governo punham cerco a Riac que conseguiu resistir até o dia 16 de Julho. Nesse fatídico dia Riac rendeu-se. Foram feitos prisioneiros 4.500 manufaistas. Os valorosos “rebeldes” entregaram 342 espingardas milhares de catanas e azagaias. Mas Leo-Laco continuava inexpugnável! Nesse monte lulic Dom Boaventura iria resistir até Agosto de 1912.

Porto, 13 de Janeiro de 2012.
Dom CARLOS FILIPE XIMENES BELO

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